Páginas

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Educativo? Tem certeza?!

Vez por outra eu me pego interrogando a mim mesma uma mesma questão: que tipo de coisa ainda vão inventar sobre o rotulo de brinquedo educativo? Um dia desses fui a uma loja de brinquedos comprar um quebra-cabeça pra Benjamin como prêmio por sua coragem ao tomar vacina (aqui em casa comemoramos atos de coragem mesmo quando acompanhados  de lagrimas),  quando chegamos lá  havia um brinquedo horroroso e Benjamin que tem um fascínio por animais logo me perguntou que tipo de bicho era aquele. Eu respondi que aquele não era um animal, era apenas um brinquedo inventado. Ele disse: mamãe os animais que Papai do Céu inventou são mais bonitos. Embora eu saiba que há bichos que não agradem a todo gosto estético, num mundo em que criança brinca com meninas monstros, eu tenho mesmo é que concordar.

Passaram-se alguns dias e uma amiga telefonou  pra me sugerir dar uma olhada num brinquedo chamado Furby  que é basicamente um brinquedo para a criança cuidar e se ocupar dele. Sobre o pretexto de ensinar as crianças a exercerem o cuidado com outros seres-vivos, lá vai mais uma invenção da moda caríssima sobre o rotulo banalizado de brinquedo educativo. Afinal, hoje em dia, qualquer coisa é educativa.

O famoso bonequinho, que segundo minha amiga é a febre do momento entre as meninas cujos pais podem dar algumas notas de R$100,00 num brinquedo maluco, reproduz necessidades e demandas humanas tais como ser alimentado, acariciado e não sei mais o que. Quando suas pseudo-necessidades não são satisfeitas, ele muda de comportamento chegando a ser enlouquecedor e até descrito por alguns pais nas redes sociais e blogs como assustador.

Bom, o argumento usado comercialmente é que este brinquedo é educativo pois ajuda a criança a aprender a exercer cuidados e a ter responsabilidade e a perceber o que acontece com quem é negligenciado. Pra mim pra balela. Piada de péssimo gosto para uma sociedade que negligencía o tempo inteiro suas crianças. Vamos direto ao ponto:
1- Em primeiro lugar, acredito que um brinquedo que queira ser educativo tem que permitir à criança exercer sua criatividade e imaginação. O que este brinquedo não faz, pois é daqueles que propõe papeis e demandas a criança, em vez de deixar que este exerça sua criatividade.
2- Pelas reações descritas por aqueles que o possuem, ele pode gerar medo e reações indesejadas à criança, já que ao mudar a forma de reagir o mesmo se torna perturbador, como se tivesse uma especie de distúrbio de personalidade, dizem alguns. Um pai ou uma mãe, por exemplo que dá o tal boneco para um filho na fase do medo estará exacerbando uma reação da criança e em certos casos, embora não possa gerar doença, pode ser fator agravante de problemas psicológicos numa criança que já esteja enfrentando dificuldades. Quando uma criança brinca com um boneco ou boneca comum, ela cuidará dele como sua maturidade emocional  permitir. Esse brinquedo, pelas pesquisas que fiz, demanda de uma criança a responsabilidade que um adulto ao cuidar de um ser mais frágil. Elas, com certeza, não estão prontas para isto.  Quando uma menina, por exemplo, brinca de mamãe com sua boneca, ela o faz de acordo com a compreensão que tem do  exercício dos cuidados maternos. Ela não é o tempo  inteiro solicitada por um boneco que não pode ser negligenciado um só instante.
3- Quem precisa aprender a cuidar e ser responsável recebe tarefas, é ensinado a cuidar dos irmãos mais novos de forma adequada a sua idade. Eu sempre digo ao meu Benjamin que numa família os mais fortes cuidam dos mais frágeis (no sentido físico) para explicar o carinho e cuidado que deve ter pela irmã. Se queremos que aprendam a cuidar de um animal, compremos um mascote. No entanto, a industria sempre acha razoes educativas, nutritivas, politicamente corretas, etc. para suas invenções loucas.

Devemos ser vigilantes. Eu sei que é difícil explicar para um filho porque ele é o único a não ter isto ou aquilo. Contudo, se você quer viver de modo separado e diferente, esta é uma batalha da qual não pode se eximir. Seus filhos, provavelmente, não precisam desse brinquedo maluco! Além do mais se fizermos uma enquete, provavelmente nenhum criança deve ter se tornado um ser responsável por causa do tal do Furby.

Nenhum comentário:

Postar um comentário