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quinta-feira, 7 de julho de 2016

A infância e seus rumos- A sensualização da infância


 Paz para todos!
O texto a seguir foi solicitado pelo Jornal AdNews e publicado na sua 42a edição.Como é um texto relativo à maternidade, eu o compartilho com os leitores do blog.

 Recebi um tema bastante sugestivo para falar nesta edição do AdNews: a Sensualização da infância. Esse é um assunto sobre o qual devemos refletir com clareza e que está ligado a outros dois temas: a adultizacão infantil e  a relativização dos valores, especialmente aqueles calcados em princípios que representam tradições da nossa sociedade.

Ao falarmos sobre a adultização, precisamos dizer que esse é um lado da moeda. Ao mesmo tempo, em que se evita um mínimo de responsabilidade na infância e na adolescência, que cada vez se prolonga mais,  erotiza-se a infância produzindo, especialmente,  crianças sensualizadas e expostas, cada vez mais cedo, a uma cultura que trata o corpo como objeto descartável do prazer imediato.  Esta é uma ambiguidade que se traduz nas relações juvenis, cada vez mais precoces que podem ser resumidas na seguinte frase: jovens imaturos para relacionamentos sérios, mas instruídos para o exercício da sexualidade, numa conjunção de valores em que ser responsável é não pegar DSTs (doenças sexualmente transmissíveis)  e não engravidar.

É importante desfazer mitos sobre a sexualidade infantil e, ao mesmo tempo, refletir sobre quais são os limites e fronteiras de um desenvolvimento que julgamos saudável. Não podemos e nem devemos tratar a criança como assexuada. Qualquer pai ou mãe atento sabe que há um desenvolvimento do conhecimento do corpo que se dá na infância, como processo do próprio reconhecimento de si e das diferenças físicas, sociais e culturais sobre si mesmo e o outro.  No entanto, a erotização da infância não pode ser confundida com este aspecto do crescer. Dizer que não ceder ao modelo atual de abordagem do tema é não tratar do desenvolvimento psicossexual da criança é no mínimo intelectualmente desonesto!

No Brasil, atentamos para este fenômeno a pouco tempo. Para muitos, falar reprovando atitudes erotizantes é, inclusive, fruto de uma regulação conservadora arcaica inibidora de liberdades individuais.  No entanto,  este é sim um fenômeno que não começou agora. Vamos voltar no tempo, especialmente aos anos oitenta, com a eclosão das apresentadoras infantis  e suas ajudantes  com seus figurinos, representado um misto de ninfetas sensuais e personagens infantis. Já que estas,  ao mesmo tempo,  usavam penteados  e figurinos coloridos e infantilizados mas sem abandonar uma clara proposta sensual e reveladora do corpo. Programas como Gladys e seus bichinhos, exibido nos anos 70, conhecido por seus personagens ingênuos e sua apresentadora chamada de tia pelas crianças perderam espaço. As tias cederam lugar a loiras e morenas esculturais! Logo, logo, essas se tornaram figuras seguidas e presentes no imaginário infantil e passaram a ter sua imagem explorada pela indústria do entretenimento em produtos próprios para a infância.

Assim, a sociedade brasileira começou a trilhar cada vez mais um caminho de erotização da infância que hoje se revela na tentativa de tratar o prazer sexual  e a discussão da sexualidade como algo presente já na segunda infância. Não é exagero! É só lembrarmos das cartilhas ensinando as crianças a tocarem seus genitais numa busca exploratória por prazer e das constantes tentativas de incluir o que se chama de educação sexual nas escolas. Além disto, pode-se também perceber a mudança no vestuário infantil que a cada dia apresenta de forma mais  dominante modelos que aparecem nas vitrines adultas com uma proposta sensual  em tamanhos menores para as crianças.  Estas iniciativas se traduzem no forte apelo infantil por cantoras sensuais adultas, que constroem seus personagens e músicas com um apelo à erotização  e a imagem de mulheres indomáveis e dominadoras pela via da sensualidade. Já houve o tempo da Kelly Kye, agora temos as músicas da funkeira Anita e os sons internacionais com proposta sensual nas baladinhas das festas infantis de aniversário. Por exemplo, não é incomum ir a um aniversário infantil de alguém que não professa a fé cristã e ver as crianças enlouquecidas dançando ao som da voz masculina Shaggy que canta: Hey, Sexy Lady! ou menininhas dançando as coreografias de Anita, descendo até o chão e com vestuários na mesma proposta.

Os defensores das formas contemporâneas de erotização da infância se dividem em dois grupos. Primeiro, o dos que exploram a indústria do vestuário e do entretenimento infantil, esta já descrevemos acima. Todavia, há aqueles que rejeitam este titulo. Eles até me processariam se desse nome aos bois. São os que defendem modelos ideológicos em que não se espera pela pergunta infantil sobre a sexualidade, esses sentem uma forte necessidade de antecipar-se e apresentar orientações sobre o comportamento sexual. Sim! Eles não querem falar de biologia! Não querem esperar! Sua urgência é evidente e segue uma agenda muito bem pensada e estabelecida. Querem entrar na sala de aula e sem que nenhuma criança pergunte começar a falar. Isso, de preferencia, na ausência dos arcaicos pais que produzem um modelo denominado por eles como modelo opressor de educação sexual.  Essas tentativas estão na escola, mas não só lá. São da mesma engenharia social que apresenta sutilmente sua mensagem sexualizada nos desenhos animados e nas revistas  e folhetins televisivos que já tiveram como publico jovens, também adolescentes e hoje trabalham para atrair crianças entre 7 e 8 anos. Elas estão também nas cenas sutilmente colocadas em filmes infantis, em que só crianças que assistem aos mesmos filmes até memorizar as cenas percebem.


Os engenheiros dessa nova ordem social propõem um olhar sobre quem anda na direção oposta que os situa como arcaicos que têm uma visão assexuada da infância. Não se trata disto! Trata-se de esperar as perguntas antes de dar informações! Trata-se de esperar o corpo crescer antes de instigar a mente, trata-se de tomar a mão de uma criança e andar no ritmo dela, em vez de colocar em mãos massificantes o crescimento de nossos filhos. Trata-se de tratar o corpo das nossas menininhas sem coisificá-los. Trata-se de dizer não  a erotização da infância e deixar que eles cresçam e se reconheçam sem pressa, tratando o outro como pessoa e não como uma boca a mais a beijar e um corpo a mais a explorar quando crescerem.  Trata-se de dizer não à erotização de nossos pequeninos.  Trata-se também de deixar que nossos pequenos saibam que valem o preço valioso do sangue do Cordeiro Unigenito, antes que alguém lhes digam que precisam desnudar o corpo numa self para terem valor para alguém.  Nós, pais cristãos, somos responsáveis pela contracultura da resistência! Goste o mundo, ou não, estamos na terra e continuaremos resistindo de pé, mesmo que todos se dobrem. 

sábado, 2 de julho de 2016

Para mamães imperfeitas como eu

Queridas mamães,

Este é mais um daqueles períodos em que eu paro um pouco e escrevo menos, mas para mim é quase impossível esquecer o blog. De algum modo, eu me sinto encorajada a escrever. O blog faz com que eu perceba que há mais gente na resistência contra a avalanche de valores contrários  que cada vez mais tenta se impor às famílias cristãs. Sempre recebo mensagens de outras mães, sempre trocamos ideias e nos encorajamos mutuamente, e nesses momentos eu vejo que embora tenhamos jeitos diferentes, abordagens diferentes, rotinas diferentes e histórias também diferentes o desejo de agradar a Cristo e seguir as ordenanças dadas em sua palavra no nosso jeito de ser mãe, nos leva ao exercício da comunhão. Tenho sido ensinada pelo Senhor através dessa comunhão e meu pedido a seu Santo Espirito é que a cada dia trabalhe em meu viver e apesar das minhas fraquezas me transforme cada vez mais em emissária de sua palavra. Que eu seja agregadora, que junte mães, não para me seguirem, mas para lutarem a batalha de fazer da maternidade portadora da gloria do Pai. 

No entanto, depois dessas palavras de saudades das minhas irmãs de jornada, queria dizer algo àquelas que estão se esforçando para serem as melhores mães possíveis. Por mais que saibamos que nunca seremos mães perfeitas, podemos nos esforçar para ser boas mães. Este post é para aquelas que estão se esforçando para sê-lo.  Ele é também direcionado àquelas que no seu ventre carregam seus filhos e que já são mamães. Afinal, não podemos lidar com uma vida como se ainda não existisse. Penso naquelas mães que imaginam que nunca serão as mães que seus filhos precisam. Talvez alguma delas ache que ser mãe exige uma perfeição que não tem. Penso naquelas que serão mamães e que estão temendo não ser boas o suficiente. Conheço algumas assim que carregam dores  profundas oriundas de suas histórias. Elas vivenciaram depressão, dor , ansiedades, assédio moral, abuso sexual e tantas ocorrências tristes que as fazem querer proteger seus filhos e ao mesmo tempo sentirem que não são capazes de superar a velha cena que lhes abate a mente e coração. Outras nunca cuidaram de ninguém, muitas vezes nem de si mesmas e isso ocasiona tantas ansiedades e o sentimento de que são incapazes.

Conheço mães que vivem historias tão diferentes, mas tão iguais ao fundo, porque todas elas, como eu, são confrontadas com a verdade de sua imperfeição. Já escrevi tanto aqui sobre isso que muitas leitoras mais atentas à sequencia do meu texto provavelmente vão sentir um sentimento de revival ou flashback. No entanto, creio que a maternidade nos desnuda emocionalmente e espiritualmente e nos traz o beneficio de mostrar quem somos de fato. O que sai de nosso interior nos torna reprováveis ( Mateus 15.11) e a maternidade intencional e presente manifesta aquilo que de fato temos dentro. Não há nada que revele mais o que Deus precisa tratar em mim que o meu dia-a-dia como mãe e esposa.  Não posso dar desculpas psicológicas ao pecado que quer reinar em mim e a maternidade manifesta. Portanto, quero encorajar cada mamãe que sente que educar uma criança e ajudá-la a crescer para Deus é difícil ou que sente que falha a seguir em frente. Não vou alimentar minhas imperfeições, nem vou vestir uma roupa de perfeição que não me cabe. No entanto, quero estar ao dispor para ser moldada e modificada e quero ser santificada a cada dia. Uma coisa me é muito clara: Deus usa a maternidade para me corrigir para que eu não seja condenada com o mundo. Eu sinto viva a palavra inspirada pelo Espirito de que somos repreendidos pelo Senhor para não sermos condenados com o mundo. Posso dizer que nunca fui tão confrontada, que nunca tive uma casa do oleiro tão forte como tornar-me esposa e mãe. Eu entendo claramente quando o apostolo Paulo diz que tendo filhos e amando-os, bem como a nossos maridos somos salvas. Não somos salvas no sentido da salvação eterna dada por Cristo na cruz. Somos salvas de nós mesmas, das nossas inseguranças, das nossas necessidades autocentradas e egoístas, dos valores supérfluos, da sedução de ouvir o nosso coração e da armadilha de vivermos em torno de nossas emoções e sentimentos e nos tornarmos infelizes escravas de necessidades que só supriremos no Criador.

Vamos ao que me parece verdadeiro. Não somos perfeitas. Somos falhas, marcadas pelas limitações  de nossa estrutura calcada e moldada na historia de vida que temos, inscrita em nossos padrões de comportamento e relacionamentos, nos valores que conscientemente ou não temos. Somos pecadoras remidas que não queremos voltar ao charco escorregadio de lodo de onde fomos tiradas.Temos, cada uma,  um temperamento cheio de potencialidades, mas também de fraquezas reveladas ou ocultas no silêncio de nossas lutas interiores. Então, recebemos pequenos seres para conduzir na vida e para servir-lhes de exemplo. Que fazer? A quem recorrer?  Como lidar?

Você pesquisa e toma uma série de decisões antes que nasçam. De repente, contra sua vontade as circunstancias, seu cansaço, ou o que seja se opõe a você. Cada minima coisa parece um grande problema. Ainda me lembro da minha luta para amamentar meu filho e de como fiquei ao perceber que por um problema fisiológico teria que amamentar complementando.Não queria ser uma mãe diferente da dos ideais dos livros que li. Que armadilha terrível!  No entanto, não sabia que este seria um pequeno detalhe do começo de minha luta diária para dar o melhor e  às vezes constatar que não era suficiente! Como mães lutamos contra uma série de fatores que nos impedem de caminhar sozinhas e demandam uma dose extra da bondade e misericórdia do alto e uma outra imensa de graça divina, sabedoria e de admissão de nossa falibilidade. Não cabe uma postura de especialista! Não cabe se achar sábia e suficiente! Já nos diz o apostolo Tiago o quão diabólica é a sabedoria humana cheia de pretensão e arrogância que bate no peito e diz tudo sei.

Ser mãe revelou em mim fraquezas que não sabia ter. Ser mãe  me mostrou o quanto sou incapaz de dar conta de tudo sozinha. Ser mãe me ensinou a pedir ajuda, mas também a correr a próxima milha em minha fraqueza e no ultimo impulso de força. A maternidade intencionalmente bíblica, centrada nos valores divinos, não revela o quão boas somos, mas o quanto precisamos de Cristo e do seu corpo na terra, sua igreja. Ser mãe revela, qual espelho, as áreas da nossa vida que precisam do trabalho do Espirito Santo de Deus. Nesses momentos, é difícil persistir! É difícil tal qual Pedro gritar: Senhor, socorre-me! Estou me afogando! Estou mee afogando em mim mesma! Estou me afogando no cansaço! Estou me afogando na minha carme! Estou me afogando no meu passado, repetindo padrões de comportamento!!!

Então se você tem visto seus defeitos com clareza, se tem percebido que há um longo caminho de aperfeiçoamento pela frente, glorifique a Deus e deixe que em você comece a ser produzido o bom fruto. Não finja que é perfeita! Não viva como se fosse perfeita! Não construa uma imagem perfeita!Apenas deixar Deus lhe corrigir a tornar melhor. Com lágrimas nos olhos preciso fazer a cada leitora uma confissão: O que mais tenho aprendido como mãe que sou é a pedir perdão. Às vezes erro com meus filhos, percebo que não estou sendo um bom espelho, que não estou sendo portadora da verdade da cruz. Então, eu peço perdão a Deus e a eles. Como é dificil faze-lo! Quero que saibam que estou lutando a mesma luta contra o pecado que eles. Que como Paulo, eu poderia gritar: Miserável homem que sou! Quem me livrará desse corpo de morte? Então o poder de Deus se torna em mim perfeito e me ajuda a crescer nEle. Sim, eu quero que saibam que luto a mesma luta que eles e que me esforço para ser exemplo.

Eu já escrevi um texto estimulando vocês a não desistirem dos filhos, agora escrevo implorando a você que sente que não dá conta e que seus erros, defeitos, ansiedades e marcas não lhe permitem ser a mãe que Deus quer que não desista de voce. Se você tem sussurrado para si mesma que não consegue ser a mãe que deveria, estamos juntas. Para mim basta bem pouco tempo ouvindo mais minha carne que o Santo Espirito para que ela impere e imperando dê a luz ao pecado que mais corrói: aquele que parece pequeno, mas que como ferrugem você não percebe quando brota e se multiplica e nos mina a alma. Falo da murmuração, da ira, do engano e do erro lá do Edem de culparmos os outros pelo nosso próprio pecado e tantos outros frutos pecaminosos que passam de largo aos que não lutam nossa batalha. Afinal, os outros podem até serem responsáveis por algo que nos ocorre, mas nunca serão responsáveis por como respondemos a isso e como nos sentimos a respeito.
A minha mais sincera impressão enquanto escrevo é que nunca deixarei de clamar como Pedro, toda vez que achar que de mim mesma sou capaz ou que for tentada a olhar a profundidade do mar sobre o qual ando numa atitude de incredulidade. Eu preciso constantemente gritar: Senhor socorre-me! Eu preciso entender que dependo dEle.